Perdida entre o desejo mais ardente
Da angústia que persegue a humanidade
E as tenebrosas vozes da verdade
Que dela pavor criam impunemente,
Insana grito à dor que não me sente,
No hausto do vazio que a mim invade,
Que volte, pois maldita é a realidade
Desta alma e deste corpo que a desmente.
Meu espírito de esvai de todo o intento,
Vazio se vai livrando dos amores,
Afoga-se num mar de descontento;
Pois já viveu do horror maior horrores,
Da esp'rança só recorda o sofrimento
e alívio só encontra em suas dores.
Escrito por Kismet
Um pouco de música :: Jules Massenet - "Meditation"
3 Comentários:
Adorei o poema. O ritmo da leitura, o facto das rimas não sairem obrigadas (convencionais), mas antes de uma forma genialmente fluída.
Sei que a minha opinião vale o que vale, e quem sou eu - que ando nisto da poesia há pouquissimo tempo - para dar palpites.
Mas a verdade é que o poema tocou-me. Tem um cinzentismo nihilista que faz recordar Al Berto. A inevitabilidade da dor e o fundo de esperança, resistência e coragem.
Muitos parabéns.
Como sempre, apresentas um poema muito rico em termos de conteúdo e vocábulo. Os meus parabéns.
Beijinho, João.
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