Ao longe vejo a casa, velha, cheia de rachaduras, no meio do mato, abandonada, mas ainda romântica; de maior serventia aos poetas. Me aproximo, e ao fazê-lo, me remeto a você, e tudo o que ali vivemos. Nossos momentos, agora para sempre na memória; tudo o que fomos e nos tornamos depois de nós.
Éramos tão jovens e, ainda, acreditávamos que tudo era eterno, que seríamos felizes para sempre, que éramos donos um do outro. Não sei, meu querido, onde erramos, talvez por acreditar demais, acho que não devíamos Ter feito isso. Acreditar que a vida não nos separaria e, realmente, ela não nos separou, e sim a morte; naquele instante eu pude olhar em seus olhos, e pude pensar no eterno; peça-me agora para dizer o que é eterno na vida e eu respondo: A morte... Porque sua ausência dói e me parece nunca mais ter fim. De nós, fiquei eu, sabendo que não temos posses.
Que nada tenho...Não tenho razão. Não tenho presente, agora ele já é o passado.
E a ilusão rompida pelo meu saber de que é o “meu” desejo, que insiste em cultivar o eterno, fazendo florescer no jardim da memória esses instantes, que as lembranças adubam à eternidade, principalmente, os que não foram vividos, e assim, Construindo toda uma existência.
Agora sei: Nada tenho...
“Minhas idéias, meus costumes, minhas manias...minha vida”
Sempre pensei que eram meus e minhas!
Que tolice! Devaneios, força do hábito, da expressão.
Se você seguiu do meu lado, e foi até aonde pode chegar, foi por liberdade e amor. E isso, meu amor, é o que me conforta. Isso refrigera minha alma. Fomos livres; amamos sem limites
Ao olhar para a casa, hoje, sinto-me aliviada. É apenas uma casa. E eu sou a(penas) aquela que segue, resignada, porque aprendi que não perdemos ninguém pelo simples fato de nunca termos tido, porém amamos e o amor é capaz de seguir pela eternidade.
Escrito por A poetisa
3 Comentários:
Bj
Nadir
Beijos
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